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quarta-feira, 3 de junho de 2009

2.2.4. Desenvolvimento pessoal

Para compreender o desenvolvimento pessoal devemos ter em conta Erikson e a sua teoria de desenvolvimento, este considera que:

- o desenvolvimento decorre desde o nascimento até à morte através de oito idades, estádios psicossociais.
- Cada idade é caracterizada por tarefas específicas e pela experiência de determinado conflito ou crise.
- Através da resolução do conflito de cada estádio, o indivíduo adquire novas capacidades que se desenvolve.

1ª Idade (0-18 meses) Confiança vs. Desconfiança
- estádio marcado pela relação que o bebé estabelece com a mãe, e é com esta que ocorre a crise deste estádio
- se a relação com a mãe for satisfatória, desenvolve sentimentos de confiança relativamente aos outros e ao meio.
- se a relação não for satisfatória, desenvolve sentimentos de suspeita, medo e insegurança relativamente aos outros e ao meio.

2ª Idade (18meses aos 3anos) Autonomia vs. Dúvida e Vergonha
- a criança está apta para explorar activamente o meio
- se for encorajada desenvolve autoconfiança e autonomia
- se for muito controlada, desenvolve um sentimento de dependência, de vergonha de se expor

3ª idade (3-6 anos) Iniciativa vs. Culpa
- neste estádio marca-se a possibilidade de tomar iniciativas sem medo de culpabilidade
- vertente positiva: a criança desenvolve a capacidade para iniciar acções e sente grande prazer quando obtém sucesso
- vertente negativa: quando não é favorecido o desenvolvimento por repressão ou punição, a criança sente-se culpada por desejar comportar-se segundo os seus desejos

4ª Idade (6-12 anos) Indústria vs. Inferioridade
- na nossa cultura predominam as actividades escolares neste estádio
- se criança corresponde ao que lhe é exigido no processo de aprendizagem, a sua curiosidade é estimulada bem como o desejo de aprender. O sucesso desenvolve nela sentimentos de auto-estima, de competência
- se a criança se sente incapaz de atingir com sucesso as actividades escolares, quando os seus companheiros o atingem, pode desenvolver um sentimento de inferioridade desinvestindo nas tarefas.

5ª Idade (12-18 anos) Identidade vs. Difusão ou Confusão
- a tarefa fundamental é a construção da identidade que ocorre ao experimentar vários papéis possíveis
- Vertente positiva: formação da identidade pessoal e reconhecimento dos papéis a seguir
- Se não consegue definir papéis que pode ou quer desempenhar, experimenta uma confusão de identidade e de papéis


6ª Idade (18-30 anos) Intimidade vs. Isolamento
- o adulto desenvolve relações de amizade e de afecto com os outros
- V.P. : desenvolve relações de intimidade
- Se não consegue estabelecer esses laços sociais pode isolar-se distanciando-se dos outros.

7ª Idade (30-60anos) Generatividade vs. Estagnação
- grande vontade de tornar o mundo melhor e contribuir como membro activo na sociedade, desenvolvendo interesses e actividades produtivas
- V.N.: o adulto não consegue desenvolver actividades úteis para os outros, preocupando-se apenas consigo próprio

8ª Idade (após os 60anos) Integridade vs. Desespero
- O indivíduo avalia a sua vida
- V.P.: desenvolve um sentimento de realização face ao passado, resultante duma avaliação positiva da vida e desenvolve o sentimento de integridade.
- V.N.: desenvolve um sentimento de que se perderam oportunidades importantes, resultante dum avaliação negativa e da impossibilidade de começar tudo de novo – desespero
- A grande virtude adquirida nesta idade é a sabedoria.

A relação mãe – bebé :
- a relação mãe-bebé não assenta apenas na satisfação das necessidades do recém-nascido: este é um ser activo que age e interage com o meio dando uma especial importância à relação que estabelece com a mãe. Esta relação tem um papel muito importante no processo de socialização. É esta díade mãe-bebé que vai permitir que a criança adapte os seus comportamentos ao meio envolvente e aos outros.
É através da interacção mãe-bebé que a criança aprende a atribuir significados aos comportamentos dos outros e às situações. As características desta relação precoce entre a mãe e o bebé, vão ter uma grande influência no desenvolvimento futuro da criança: na sua personalidade, auto-estima, confiança em si própria, na forma como se relacionará com os outros e o modo como encarará as situações.
Assim, mostra que o bebé necessita de estabelecer contacto e laços emocionais, relações de vinculação com uma pessoa próxima, geralmente a mãe e alargando-se, progressivamente, a outras pessoas próximas, contribuindo para a sua independência, porque lhe dá segurança para explorar o meio. Um meio afectivamente compensador, e estimulante, vai permitir que as crianças interajam com outros seres humanos aprendendo a viver em sociedade, desenvolvendo as suas capacidades, ou seja, o meio afectivo dos primeiros tempos de vida, vai influenciar o seu desenvolvimento futuro.
No entanto, muitas crianças têm carência afectiva, o que vai ter repercussões que acarretam perturbações físicas, afectivas ou mentais durante esse período ou na vida futura.

A Adolescência:
- é um processo dinâmico de passagem entre a infância e a idade adulta, em que o sujeito já construiu a sua identidade e a sua autonomia, desenvolve projectos de vida e encontra-se inserido na sociedade. É um fenómeno de desenvolvimento único e singular caracterizado por um conjunto de transformações: fisiológicas, cognitivas e afectivas.
- Transformações Fisiológicas: neste período da vida, ocorre um rápido crescimento orgânico, como resultante do funcionamento das glândulas sexuais.
- Transformações Cognitivas: graças ao pensamento formal, o adolescente pensa a partir de hipóteses, desenvolve novas capacidades de avaliação dos outros e de si próprio, e, graças a este novo estádio cognitivo, é capaz de discutir valores e princípios.
- Transformações Afectivas: a construção da autonomia leva o adolescente a alterar a relação com os pais e os adultos que lhe serviam de modelos durante a infância. Na procura de autonomia e na construção da identidade, reorganiza a imagem de si, explorando e assumindo novos papéis.

Construção da Identidade:
- segundo Erikson, a formação da identidade é a tarefa fundamental da adolescência. É neste período que se constrói uma forma própria e pessoal de estar no mundo. Vai ser pelo conformismo ou pela rebeldia, ou até pela alternância das duas atitudes que o jovem vai procurar a sua identidade.
- Pelo conformismo, identifica-se com pessoas sem as questionar ou criticar – surge o conformismo como forma de identificação e como forma de superar inseguranças. Paralelamente, manifesta rebeldia, inconformismo porque se afirma pela negação relativamente aos outros.
- No final da adolescência, as bases da personalidade e identidade estão já construídas, estando o jovem apto a integrar-se na sociedade adulta.

Moratória Psicossocial:
- período de espera, de experimentação e de ajustamento de vários papéis sociais. É um período de pausa e procura dos papéis de adulto que melhor se adequam a si próprio: o jovem procura e experimenta papéis e ideais de vida sem os assumir definitivamente.
- Neste período, o jovem testa as suas capacidades, procurando um conhecimento mais profundo de si próprio, dos outros e do mundo.

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